sexta-feira, 5 de março de 2010

Ajude seu filho a usar bem a internet

Uma em cada 25 crianças já recebeu convites sexuais de amigos feitos pelo computador. Saiba o que fazer para que esse e outros perigos não rondem a sua casa

Camila Álvares | 12/02/2009 15:41


Um desses convites chegou até Mariana (nome fictício), 10 anos, que morava no sul do Brasil. Os pais a encontraram morta em casa por overdose, com hematomas e sinais de violência sexual. Dentre os acusados estão traficantes de drogas que fizeram amizade com a menina por meio de sites de relacionamento e de bate-papo, relata o consultor de segurança Elder dos Anjos, da ONG portuguesa Miúdos Seguros Na.Net.

Segundo especialistas, casos como esse podem ser evitados quando a relação dos filhos com a internet é acompanhada de perto pelos pais. Porém, 63% deles não restringem o acesso dos pequenos à rede, conforme pesquisa realizada pela ONG SaferNet Brasil. Isso ajuda a explicar porque 53% dos jovens já acessaram conteúdos impróprios para a idade e 28% encontraram pessoalmente amigos virtuais.

Controlar é preciso

Para descobrir os sites que as crianças e os adolescentes visitam e com quem se conectam, os pais têm que ficar em cima: vale frequentar a rede social que o filho faz parte, clicar nos links para conhecer seus amigos, navegar nas páginas mais acessadas e até ler seu blog periodicamente. Outra dica é digitar o nome do adolescente nos sites de busca para ver há alguma relação dele com páginas suspeitas.

Segundo a psicóloga Renata da Rocha, o diálogo sincero entre pais e filhos pode facilitar muito nessa empreitada. É fato que quanto mais conversa houver, mais confiança os jovens terão nos pais para contar, inclusive, situações desagradáveis que tenham acontecido enquanto navegavam, afirma.

A coordenadora pedagógica Maristela Memere, do Colégio Logosófico, no Rio de Janeiro, dá outro conselho: Os pais devem acompanhar de perto a pesquisa escolar feita na internet. Assim, favorecem o vínculo familiar, compreendem o mecanismo de raciocínio do filho e ensinam a filtrar o que é bom e o que é ruim.

Os professores são os grandes parceiros dos pais para ensinar o aluno a raciocinar diante da internet – e não simplesmente copiar e colar o conteúdo. É preciso esclarecer também que os nossos atos no ambiente virtual geram efeitos reais e, muitas vezes, nos deparamos com situações de injúria, calúnia, difamação, falsa identidade, entre outros, avisa a advogada e pedagoga Cristina Sleiman, do escritório Patrícia Peck Pinheiro Advogados, uma das idealizadoras da cartilha virtual Boas Práticas de Direito Digital Dentro e Fora da Sala de Aula.

Crianças na internet: como controlar?

Especialistas dão orientações práticas para compor a estratégia que os pais devem adotar, de acordo a faixa etária do filho

Até os 7 anos
- Jamais deixe a criança navegar sozinha na internet.

- Acesse sites infantis e educativos que estimulem o aprendizado.

- Determine um horário para o uso do computador e certifique-se de que a regra está sendo cumprida.

- Crie o hábito de perguntar o que a criança faz na internet, por onde navega e se participa de jogos online.

Dos 8 aos 12 anos
- Oriente para que não troque mensagens com estranhos nem passe informações sobre ele e sua família.

- Fale dos riscos de emprestar a senha de acesso para amigos, mesmo que eles peçam isso como prova de amor ou amizade.

- Informe-o sobre o funcionamento de sites de relacionamento e de bate-papo, bem como sobre a possibilidade das pessoas mentirem em relação à idade e intenções. Sempre que possível, ilustre com casos reais.

- Instale filtros que bloqueiam conteúdos impróprios para a faixa etária e programas que controlam o tempo que se fica conectado.

- Só permita o uso de e-mail se você tiver a senha para supervisionar todas as mensagens recebidas.

- Navegue nos mesmos sites – o histórico dos endereços acessados fica gravado no computador e é possível fazer a consulta a qualquer momento.

- Visite as redes sociais de que o adolescente faz parte, observando as comunidades em que se integra, os recados deixados pelos amigos, as fotos publicadas e até os colegas que ele adicionou, tentando conhecer, na medida do possível, a procedência desses contatos.

A partir dos 13 anos
- Toda a supervisão deve continuar rigorosa.

- Deixe o computador numa área comum da casa, como a sala, em que todos possam ter acesso ao que o adolescente está fazendo.

- Pergunte sempre sobre quem são os amigos que ele conversa nas salas de bate-papo.

- Descubra os códigos usados para escrever. Por exemplo, vc = você, s = sim, ctz = com certeza, m**m = tem alguém espiando, tc = teclar, gnt = gente, to lgd = tô ligado e :-X = beijo pra você. Atente também para símbolos, como : - ))))), que significa uma gargalhada e (:-(, estou muito triste.

- Deixe claro que a internet é uma das fontes de lazer, e não a única.

- Reforce a importância de não divulgar endereço e telefone de casa ou da escola pela internet.

- Alerte sobre a divulgação de fotos e filmes na internet. Um dos argumentos é de que mesmo que o filho seja menor de idade, ele poderá ser encaminhado a tratamento psicológico, prestação de serviços a comunidade ou até mesmo internação em instituições específicas caso cometa alguma infração prevista no Código Penal.

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